Reflexão de Páscoa

Meu coelhinho é de verdade
As crianças, geralmente sabem qual é o chocolate mais gostoso, qual ovo tem um brinquedo em seu interior e até mesmo a melhor forma de convencimento de seus pais. Nós adultos, geralmente sabemos quanto custa, quanto pesa, meio amargo, meio doce...
Será que todos os adultos e crianças sabem o sentido de um ovo de chocolate? 
Sempre ouvimos falar que "Páscoa é vida nova". Isso é uma grande verdade. É uma vida nova, uma vida que começa ou deveria começar de forma diferente. Para isso acontecer, inevitavelmente, precisamos mudar. Porém, toda a mudança requer que algo morra. É engraçado, mas nós as vezes não nos damos conta desta realidade. É preciso "matar" certos hábitos e vícios, para que o novo possa encontrar lugar e nascer. Páscoa é passagem, mas nós é quem devemos caminhar para essa "passagem", devemos fazer a nossa parte.
Páscoa é o renovar das coisas, é o momento de passar o rodo nesta vida morna em que vivemos, para que surja uma vida verdadeira, renovada, livre e feliz.
Antes de querer vida nova, é preciso querer mudar.

Meu coelhinho Lorenzo
Celebrar a Páscoa é ter esperança e poder recomeçar sempre que preciso for. É trocar aquela roupa velha, amassada, suja por outra que lhe dê dignidade e reconhecimento. É uma mudança de estilo de vida. É você se sentir a última bolacha do pacote, sentir-se bem consigo mesmo.
A Páscoa revela-se nessa pulsação nova que cada ser vive e que reage para uma nova redenção de luz, está representada na alegria daqueles que, mais do que ovos e coelhos, partilham amor e carinho em qualquer momento e circunstância. Está no olhar daqueles que enxergam além das aparências e, através da luz, iluminam a cegueira das trevas, e se refaz continuamente no íntimo de quem perdoa e de quem pede perdão.
A Páscoa acontece no ressurgir das flores que cada um tem dentro de si, da novidade que a essência humana transmite através do olhar, da palavra, dos dons, da fé, da esperança, dos gestos e de toda sabedoria e todo amor transmissível para uma vida nova.

Feliz Páscoa!

Problemas ou soluções

Está tudo bem com você?
Problemas ou soluções? As respostas dependem de cada um.
Todos nós temos áreas da vida que necessitam ser cuidadas com mais atenção. Ao perceber que alguma parte de sua vida anda meio aborrecida ou como se diz por aí, "sem sal", "sem graça", é sinal de que está precisando de um pouco mais de cuidados. Quando substituímos a alegria de viver pela preocupação em demasia, a fé pela descrença, a fluidez pela tensão exagerada, a espontaneidade de um sorriso por somente seriedade, são sinais de alertas de que algo  não vai bem e precisa ser mudado. Na vida podemos optar em ser problemas ou soluções. Se escolhermos ser problemas, ninguém vai gostar de ficar ao nosso lado e os problemas só irão aumentar. Se formos solução, conseguiremos fazer com que os outros tenham vontade de estar conosco e nos ajudar.
Essas lições de vida, encontram-se dentro de nós, para compreendê-las, ora precisamos ser professores, ora alunos de nós mesmos.
Na vida, quanto mais teimoso for o aluno, mais dolorosa serão às aulas. Quanto menos o aluno aprender, mais pesado a vida vai bater, afim de que acorde e aprenda as lições.

A escola da vida funciona assim: Se você está mergulhado em um turbilhão de problemas, insatisfeito com resultados, reclamando de sua sina, e não procurar soluções para reverter tais situações, tudo isso tende a se tornar cada vez mais angustiante, tedioso, até o ponto em que se tornará uma úlcera, uma depressão e seu bem estar, sua saúde comprometida.
Algumas pessoas acreditam  na ilusão de que conseguem se acostumar com a dor, muito pelo contrário, a dor só aumenta e a alegria de viver acaba ficando milhas e milhas de distância. Enquanto a pessoa não se convencer de que precisa sair de tal situação e começar algo novo, o problema vai continuar. Essa é a grande lição que está fazendo muita falta.
Quando nos recusamos a aprendê-la, os problemas se agravam.
Pra quê insistir em comportamentos que dão resultados negativos? Fazer as mesmas coisas e esperar resultados diferentes? Isso é acumular sofrimentos, isso nos torna pessoas amargas.
A grande sacada da vida é sermos mais solução do que problemas. Aprenda a simplificar a vida, procurando desfrutar cada dia com mais alegria.

Forte abraço.

O mundo é bonito

Orquidário pessoal
Olá amigos, olá família Alcará, como vai a luta?
É muito bom estar de volta e interagir com vocês. Espero que as coisas estejam dando certo para todos. Teria muita coisa para descrever, pois quando a gente sai da rotina casa trabalho, trabalho casa e cai na rotina do ócio, mesmo que, por alguns dias, passa-se a ver um mundo diferente, colorido e mais bonito. Consequentemente, passamos a ser mais felizes. Todos deveriam se permitir alguns dias de férias.
Volto do meu mundo paralelo convencido de que não existe dia igual a outro, por mais que achemos que estamos na rotina, ele chega sempre novo, cheio de novas oportunidades. A noite existe, justamente para intercalar o dia, para filtrá-lo e trazê-lo de volta totalmente novo. O que ocorre em geral, é que perdemos tempo demais com as coisas que não deram certo e não percebemos que as portas continuam abertas para recomeçarmos e fazermos diferente. Costumamos desistir, logo na primeira vez que a má sorte nos dá as caras.

Orquidário pessoal
Eu sei e concordo plenamente com quem pensa que a vida é difícil. É difícil mesmo e o mundo tem suas complicações, mas que graça teria se tudo fosse fácil, se tivéssemos tudo nas mãos? Certamente reclamaríamos também, somos insatisfeitos por natureza. 
Me corrijam se estou errado: Se chove queremos sol, se tem sol, queremos chuva, se faz calor queremos frio, se faz frio queremos calor, se estamos sós queremos companhia, se temos companhia, queremos ficar sós... E assim essa eterna insatisfação nos acompanha vida à fora.
A satisfação pessoal, a felicidade, está na capacidade de nos apaixonarmos por cada coisa que decidimos fazer. Como disse alguém que desconheço: "Se você só sabe fritar ovos, frite-os tão bem, para que seja reconhecido mundialmente como o melhor fritador de ovos". Gostar do que faz e fazê-lo bem feito, é a forma mais eficaz de conseguir realizar-se.

Perante a forte onda de racismo que assola o Brasil, a eminente guerra entre nações ricas, o paradeiro desconhecido de um avião e suas vidas,  a falsidade e inoperância de muita gente, os desencantos da vida, acredito eu, que o mundo ainda é bonito e bom de se viver.
Abraço.

Viajar, férias, alegria...


Natal, ano novo, carnaval e eu trabalhando mais do que nunca. Apenas pausas para celebrar datas importantes. Não estou me queixando, precisamos trabalhar para dignificar o nosso lado humano e conquistar sonhos. Há quem diga que o Brasil começa a se mover após o carnaval. Eu, ao contrário, após o carnaval começo minhas férias, 15 dias. E, por falar em viajar, tirar férias, para muitos, é algo ainda distante. Outros, talvez, já não sabem o que falta conhecer. Que bom seria se todos tivessem condições de tomar distância do cotidiano. Conhecer outros lugares, aliviar as exigências diárias e observar diferentes realidades. Captar percepções pode alcançar uma certa leveza ao ser, e as maravilhas estampadas na obra da criação aguardam por corações e não apenas por olhares. Sentir profundamente é o melhor jeito para assimilar o que a natureza tem a ensinar.

Quando saio de férias, não costumo levar muitas tralhas. Na mochila, apenas o necessário para uma viagem tranquila e para poder desfrutar de cada momento. Chinelos, bermudas, camisetas, boné, máquina fotográfica, um pouco de grana, olhar atento e coração aberto à nova realidades e oportunidades.
Esqueço de computadores, agendas, telefones, empresa e de tudo o que não diz respeito a viagem. Não consigo estar em um lugar e conectado em outro. Gosto de aproveitar e saborear as coisas presente e que estão diante dos olhos. Cada ser, cada realidade é única. Para além da rotina do cotidiano, existe um universo a espera de olhares inquietos, decididos na busca daquela inspiração que oportuniza viver de um jeito novo, diferente e criativo.
Esse é o meu jeito de ver, viver e sentir a vida.

"Muitas pessoas perdem as pequenas alegrias enquanto aguardam a grande felicidade." (Pearl S. Buck)

Abraço e até breve.

Como vão as coisas?

Orquidário pessoal
Apesar da onda forte de calor que faz aqui no RS, mais duas belas orquídeas desabrocharam em meu pequeno orquidário.

Como estão indo as coisas, nesse princípio de ano novo? Os primeiros dias são fantásticos: Ânimos, sorrisos, alegrias, esperanças, são recuperados. Por alguns instantes é possível voltar a sonhar e a delinear novos itinerários. Temos um ano todo pela frente. Como aproveitar da melhor maneira?
Cito alguns movimentos e decisões que acho interessantes e tenho adotado: Fazer algo pelo bem do próximo, olhar com mais ternura à própria família, investir em valores que dignificam a vida, viver mais leve, aumentar a dose de paciência, encontrar mais motivos para sorrir, ampliar o conhecimento... Creio que há muito por ser feito. A disposição não depende do cenário, mas dos sonhos acalentados no mais profundo do ser. Pegar a vida nas próprias mãos, dando o verdadeiro rumo é a missão que cada um tem para consigo mesmo. Para tanto, é preciso ser capaz de minimizar o impacto das decepções, secar as lágrimas, abortar lamentações e voltar a sonhar.

Orquidário pessoal
Quem consegue apropriar-se do essencial, imprime um novo ritmo aos dias. Nada é mágico, gente. Mas tudo pode ser empolgante. E isso não depende da distribuição dos dias nos doze meses do ano. Para além do anoitecer e do amanhecer, sempre há uma existência capaz de esperança.
Não são poucos os que deixam a vida em segundo plano. Pensam em muitas coisas, mas não reservam tempo para aquietar o coração e implementar algumas transformações. É bom que se diga que o ano não envelhece, apenas vai somando dias. A vida, no entanto, é capaz de novidades. Até mesmo o impossível deixa de estar distante, quando há boa vontade e clareza de ideal. O que não convém e é frustrante é simplesmente deixar acontecer.
A sua vida e o ano estão em suas mãos. Coloque mais vida e esperança em seus passos, sendo assim, os dias quase não serão suficientes para dar conta de tanta empolgação. Dessa forma, o ano não envelhecerá e a vida seguirá em frente, com o olhar voltado ao infinito.

Tudo de bom em sua trajetória!
Abraço.

Desejos...

Olá amigos, olá família Alcará!
E então, como foram as festas de natal e ano novo? E como está sendo esse início de 2014?

O meu planejamento de 2014 é viver bem a cada dia. Somente isso. E  o meu maior desejo deste ano, é que as pessoas pensem um pouco mais e imaginem um pouco menos. Assistam menos televisão e vivam um pouco mais a realidade.
Porém, entre o pensamento e a imaginação, diria que existe um grande abismo: O pensar com discernimento leva o homem à razão, ao entendimento de todas as coisas e de tantas mazelas que ferem a dignidade humana. Já a imaginação, geralmente, acaba mascarando a visão dos fatos.
Gostaria de pedir sinceramente para que apenas pensem um pouco mais em 2014. O pensar é a atitude que mais nos aproxima da realidade, sendo capaz de transformá-la. O pensar é caminho seguro para  felicidade e bem-estar. O imaginar pode nos proporcionar uma felicidade Platônica, aquela do mundo imaginário.

O que mais tenho escutado nesse início de ano, foram os desejos de muita saúde, muito dinheiro, muito amor e felicidade. Convenhamos, tais desejos já é um pacotão e tanto. Só que o ser humano não se contenta com isso, acaba criando outros desejos  muito mais complexos e complicados. Se a gente tem saúde, queremos ir além e inventamos o desejo de que precisamos emagrecer, ficar saradões... Se a gente tem dinheiro para pagar as contas, levar uma vida feliz, inventamos o desejo de que precisamos comprar um relógio ou uma bolsa de marca... Se a gente tem um amor para poder conversar, ir ao cinema, dividir uma pizza, fazer sexo de vez em quando, isso já não basta, inventamos o desejo de que, só serei feliz, se tiver jantar à luz de velas de segunda a domingo, se receber declarações e presentes inesperados, sexo selvagem e de preferência todos os dias... Caramba, gente, vamos imaginar menos e pensar um pouco mais. Vamos tentar ser felizes de uma forma mais realista. Vamos fazer o possível e aceitar o improvável. Cuidar da saúde sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem almejar o eterno.
Só desejo a você que pense, busque lá dentro o que te mobiliza, instiga, conduz, mas sem sofrimentos desumanos, viu.  Que você enfrente a vida pela frente, que possa desafiá-la, entendê-la e principalmente dar a ela as cores de sua alma e de seu viver.

Forte abraço.

E aí, valeu a pena?

Restam alguns dias do ano de 2013. Para quem teve um planejamento ou não, é chegada a hora de conferir o que foi bom e o que pode ser melhor em 2014. 
E aí, 2013 valeu a pena para você?
Falando por mim: Perdi uma pessoa que eu achava que não viveria sem, mas ganhei pessoas que nunca imaginei que entrariam em minha vida. Passei momentos com o coração apertado devido a otites, febres e resfriados de meu filho, mas os momentos de brincadeiras, sorrisos, seu crescimento, são indescritíveis. Fui pescar com amigos e não pegamos nada, mas o fato de estarmos juntos, supera qualquer pescaria. Devido a inexperiência, perdi algumas orquídeas, porém ganhei outras maravilhosas. Ganhei um livro de presente, dei de presente outros livros. Disse coisas que não deveriam ser ditas. Me calei quando mais deveria ter falado. Briguei, brinquei, me arrependi. Algumas vezes fui feliz, outras vezes triste. Algumas vezes errei querendo acertar, e acertei quando achei que tinha errado. Prometi coisas que não cumpri, e cumpri coisas que nem ao menos prometi. Perdi e ganhei. Cresci e amadureci. Cai e levantei... Conclusão: Valeu muito a pena! E convenhamos que se o tempo voltasse, faria tudo isso outra vez.

Pessoas perfeitas não existem, por mais que façamos certo ou errado o importante é sermos nós mesmos e não se arrepender do que já foi feito. Estar sempre de cabeça erguida e preparado para o novo. Nem tanto para o ano novo, mas para uma alma nova, capaz de enxergar além de mimos e presentes. Não quero aqui descartar as lembranças que podemos comprar, elas têm o seu valor, e todos gostam de receber, pois demonstram carinho. afeto e gratidão. Mas nada disso tem sentido se não tocarmos o coração das pessoas. Muitas vezes, a palavra que compreende, o olhar que conforta, o silêncio que respeita, a presença que acolhe e os braços que envolvem tem um valor imensamente maior do que qualquer presente material que ofertemos. São essas atitudes que dão sentido à vida e fazem com que ela seja mais intensa, leve e feliz.
Não sabemos o quanto demoraremos nessa existência, se teremos uma vida breve ou longa. Não convém adiar esses verdadeiros presentes que somos capazes de oferecer ao nosso próximo. O melhor presente de Natal é aquele que sai em silêncio de nosso coração e aquece com ternura o coração daqueles que nos acompanham em nossa caminhada pela vida.

Fica a pergunta para você: E aí, 2013 valeu a pena?
Boas festas! Forte abraço.

Olhar diferente

Olá, como vai?
Dias atrás, onde trabalho, recebi a visita de duas elegantes senhoras dispostas a me catequizar. Segundo suas pregações, o fim do mundo estaria bem próximo. Perguntei se de fato não haveria mais nenhuma esperança. - Negativo, respondeu-me uma delas, citando uma passagem bíblica. Continuei: E se o povo se redimisse de seus pecados e voltassem a viver a fraternidade? - O que está escrito ninguém muda, o fim está próximo, um novo reino se aproxima, concluiu a outra. (Não souberam me dizer quando, e no final pediram-me donativos, somente em dinheiro). Claro que não dei dinheiro algum. Respondi que, com o advento do fim do mundo, tinha que usar o dinheiro para preparar meu funeral e que, o pior cego é aquele que não quer enxergar.

Ao ouvirmos relatos, pontos de vista, percepções, podemos deduzir o ângulo que algumas pessoas utilizam para fazer uma leitura da realidade. Impressionante é esse número que se limitam a ver apenas o negativo. Para essas, não existe o colorido. Tudo é muito cinzento ou opaco. Se você ceder sua atenção, elas descrevem as catástrofes e o fim do mundo em seus mínimos detalhes. Dificilmente pontuam o positivo. Quando o fazem é de forma rápida e sintetizada.
Tenho certeza que o mundo está repleto de acertos e de maravilhas. Evidente que há também desacertos. Porém, nada desesperador. Se for possível corrigir algumas falcatruas e injustiças, frearmos o materialismo, teremos chance de viver com serenidade e fraternidade, inspirando paz à interioridade humana.

O escritor Saramago, na primeira frase do seu livro "Ensaio sobre a Cegueira", diz: "Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara". Perguntei para as senhoras se elas estavam fazendo alguma coisa concreta para evitar o fim do mundo. Se olharam - a gente está visitando o máximo de pessoas e alertando sobre tudo o que de ruim está acontecendo - são os sinais dos tempos. Aí foi a minha vez de citar a famosa frase do apóstolo São Paulo: "A fé sem obras é morta". Nenhum blá, blá, blá,  irá resolver se de fato, se a gente não colocar definitivamente a mão na massa. Há pessoas que preferem não perceber crises, dificuldades, injustiças, para que não sejam obrigadas a assumir responsabilidades. Há uma crescente negação do querer ver.

É urgente extirpar a "catarata" do pessimismo, da indiferença, da inveja, que tem cegado muitos olhares. A vida precisa ser acolhida e contemplada com um olhar diferente. Há tantos sinais de esperança, de solidariedade, tantos voluntários engajados na construção de um  mundo melhor. Não se pode ficar cego para o que ainda necessita de transformação. O olhar crítico qualifica a existência e permite transparência. Porém, nada mais significativo do que a habilidade de olhar com o coração e perceber que há um colorido de esperança em todos os recantos do universo.  Abraço.

A saga do João

Desconheço outro pássaro mais persistente que esse casal de João de barro. O seu ninho só foi concluído definitivamente, após mudança de local e, em uma terceira tentativa. Acompanhei toda a saga dos pássaros. As  duas primeiras tentativas foram frustradas porque eles tentaram construir sua casa em cima da fiação elétrica que passa em frente da minha casa. Venho a chuva, sopraram os ventos e a obra, por duas vezes, venho parar na calçada. Nada que um jato de água não resolvesse. Após duas tentativas sem sucesso, eles resolveram mudar de local. Vieram para dentro do pátio e construíram sua casa em cima do poste da minha distribuição elétrica. A obra levou em torno de três a quatro dias. A movimentação em prol da construção era um tanto discreta, porém decidida. Houve trabalho em parceria e sem a necessidade de um projeto arquitetônico. Eles edificaram harmoniosamente o local, onde hoje, seus filhotes recebem seus devidos cuidados e proteção. Algo um tanto natural, mas de uma perfeição ímpar. Belas lições que a natureza nos proporciona. Um aprendizado sem precedente, um espetáculo distante dos arranjos humanos.
Em breve os filhotes terão que abandonar o ninho. Certamente alguns gostariam de permanecer um tempo a mais. Em nada adiantará seus desejos. Se não for por vontade própria, os pais darão um jeito de provocar um voo rasante e depois, mais alto e mais alto ainda. O ciclo de total dependência será encerrado. Um novo tempo se impõem. É hora de construir uma trajetória própria, onde a autonomia será testada e a criatividade multiplicada.


Assim como os pássaros levantam voo, enxames de abelhas se despedem do antigo lar, as pétalas caem, os frutos surgem e o sol se põe, a vida humana também se transforma. Os filhos crescem e saem de casa, os cabelos embranquecem e o vigor físico diminui. Mesmo sendo natural, novas etapas da vida exigem adaptação e conscientização. O preparar-se para adentrar outros espaços e outros modos de vida,  é uma tarefa que se impõem a todos.

Perante a constatação das marcas do tempo, é natural que uma certa nostalgia parece nos perpassar as entranhas. Por mais naturais que sejam, provocam crises. Saber lidar com esses sentimentos é tarefa árdua. No entanto, no processo de humanização as melhorias só acontecem se a maturidade sustentar um posicionamento sereno e altruísta. Creio que a postura ideal é admitirmos nossas transformações e ir abraçando o novo que vai chegando.
Aprendi que nessa vida tudo termina e tudo começa. Lágrimas e sorrisos se intercalam. Perdas podem ser substituídas por outros ganhos, bem diferentes do imaginado e que na medida em que houver um sabor agregado à existência, recomeçar pode ser um jeito criativo de viver e conviver.
Abraço.

Preço e valor

No segmento onde trabalho, tenho comigo algumas tabelas de preços. Assim como uma relação dos melhores fornecedores no quesito preço. Hoje em dia é possível a gente saber o preço de quase tudo. Sei quanto vale a ida ao supermercado, a ida à fruteira, a mensalidade da escola do filho, o preço da gasolina, uma viagem de férias e assim por diante. Saber qual é o melhor preço é quase uma condição para viver e conviver. Impressionante como o mundo dos negócios é hábil em colocar e alterar preços. Impressionante também como muita gente sabe o preço de quase tudo e não sabem o valor de quase nada.

Eu sempre procuro conciliar preço e valor. Sei o preço de determinado brinquedo para meu filho e sei também o valor de brincar com ele. Há pais que oferecem inúmeros brinquedos e esquecem de brincar com seus filhos. Sei o preço do presente de aniversário (dezembro) de minha senhorita e sei o valor de conviver ao seu lado. Sei o preço de determinado bem que tenho e sei o valor que ele representa para mim.

Estou para receber um livro, adoro receber livros. É possível que eu saiba o seu preço. Porém, o valor de tal gesto é incalculável. São pequenos gestos que tornam as pessoas incomparáveis.
Pessoas incomparáveis, de grande valor ( Madre Tersa, Gandhi, Chico Xavier, papa Francisco...) têm maneiras simples de ser. O problema é que para muitos olhos, quase sempre as maneiras simples são consideradas de pouco valor.
Se você observar, o que é mais significativo não tem preço. Simplesmente tem valor. Quanto vale uma vida? E o valor de uma amizade? O valor da saúde, o valor da paz? O preço favorece as trocas; o valor inspira o inatingível.
Muitos necessitam perder alguém para saber qual o valor que tinha. Outros, no entanto, intensificam as relações e os gestos pois sabem do imenso valor.
Não precisamos saber, exatamente o preço de tudo. Mas precisamos saber o valor de tudo aquilo que o dinheiro não compra.

Bom fim de semana!