E aí, valeu a pena?

Restam alguns dias do ano de 2013. Para quem teve um planejamento ou não, é chegada a hora de conferir o que foi bom e o que pode ser melhor em 2014. 
E aí, 2013 valeu a pena para você?
Falando por mim: Perdi uma pessoa que eu achava que não viveria sem, mas ganhei pessoas que nunca imaginei que entrariam em minha vida. Passei momentos com o coração apertado devido a otites, febres e resfriados de meu filho, mas os momentos de brincadeiras, sorrisos, seu crescimento, são indescritíveis. Fui pescar com amigos e não pegamos nada, mas o fato de estarmos juntos, supera qualquer pescaria. Devido a inexperiência, perdi algumas orquídeas, porém ganhei outras maravilhosas. Ganhei um livro de presente, dei de presente outros livros. Disse coisas que não deveriam ser ditas. Me calei quando mais deveria ter falado. Briguei, brinquei, me arrependi. Algumas vezes fui feliz, outras vezes triste. Algumas vezes errei querendo acertar, e acertei quando achei que tinha errado. Prometi coisas que não cumpri, e cumpri coisas que nem ao menos prometi. Perdi e ganhei. Cresci e amadureci. Cai e levantei... Conclusão: Valeu muito a pena! E convenhamos que se o tempo voltasse, faria tudo isso outra vez.

Pessoas perfeitas não existem, por mais que façamos certo ou errado o importante é sermos nós mesmos e não se arrepender do que já foi feito. Estar sempre de cabeça erguida e preparado para o novo. Nem tanto para o ano novo, mas para uma alma nova, capaz de enxergar além de mimos e presentes. Não quero aqui descartar as lembranças que podemos comprar, elas têm o seu valor, e todos gostam de receber, pois demonstram carinho. afeto e gratidão. Mas nada disso tem sentido se não tocarmos o coração das pessoas. Muitas vezes, a palavra que compreende, o olhar que conforta, o silêncio que respeita, a presença que acolhe e os braços que envolvem tem um valor imensamente maior do que qualquer presente material que ofertemos. São essas atitudes que dão sentido à vida e fazem com que ela seja mais intensa, leve e feliz.
Não sabemos o quanto demoraremos nessa existência, se teremos uma vida breve ou longa. Não convém adiar esses verdadeiros presentes que somos capazes de oferecer ao nosso próximo. O melhor presente de Natal é aquele que sai em silêncio de nosso coração e aquece com ternura o coração daqueles que nos acompanham em nossa caminhada pela vida.

Fica a pergunta para você: E aí, 2013 valeu a pena?
Boas festas! Forte abraço.

Olhar diferente

Olá, como vai?
Dias atrás, onde trabalho, recebi a visita de duas elegantes senhoras dispostas a me catequizar. Segundo suas pregações, o fim do mundo estaria bem próximo. Perguntei se de fato não haveria mais nenhuma esperança. - Negativo, respondeu-me uma delas, citando uma passagem bíblica. Continuei: E se o povo se redimisse de seus pecados e voltassem a viver a fraternidade? - O que está escrito ninguém muda, o fim está próximo, um novo reino se aproxima, concluiu a outra. (Não souberam me dizer quando, e no final pediram-me donativos, somente em dinheiro). Claro que não dei dinheiro algum. Respondi que, com o advento do fim do mundo, tinha que usar o dinheiro para preparar meu funeral e que, o pior cego é aquele que não quer enxergar.

Ao ouvirmos relatos, pontos de vista, percepções, podemos deduzir o ângulo que algumas pessoas utilizam para fazer uma leitura da realidade. Impressionante é esse número que se limitam a ver apenas o negativo. Para essas, não existe o colorido. Tudo é muito cinzento ou opaco. Se você ceder sua atenção, elas descrevem as catástrofes e o fim do mundo em seus mínimos detalhes. Dificilmente pontuam o positivo. Quando o fazem é de forma rápida e sintetizada.
Tenho certeza que o mundo está repleto de acertos e de maravilhas. Evidente que há também desacertos. Porém, nada desesperador. Se for possível corrigir algumas falcatruas e injustiças, frearmos o materialismo, teremos chance de viver com serenidade e fraternidade, inspirando paz à interioridade humana.

O escritor Saramago, na primeira frase do seu livro "Ensaio sobre a Cegueira", diz: "Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara". Perguntei para as senhoras se elas estavam fazendo alguma coisa concreta para evitar o fim do mundo. Se olharam - a gente está visitando o máximo de pessoas e alertando sobre tudo o que de ruim está acontecendo - são os sinais dos tempos. Aí foi a minha vez de citar a famosa frase do apóstolo São Paulo: "A fé sem obras é morta". Nenhum blá, blá, blá,  irá resolver se de fato, se a gente não colocar definitivamente a mão na massa. Há pessoas que preferem não perceber crises, dificuldades, injustiças, para que não sejam obrigadas a assumir responsabilidades. Há uma crescente negação do querer ver.

É urgente extirpar a "catarata" do pessimismo, da indiferença, da inveja, que tem cegado muitos olhares. A vida precisa ser acolhida e contemplada com um olhar diferente. Há tantos sinais de esperança, de solidariedade, tantos voluntários engajados na construção de um  mundo melhor. Não se pode ficar cego para o que ainda necessita de transformação. O olhar crítico qualifica a existência e permite transparência. Porém, nada mais significativo do que a habilidade de olhar com o coração e perceber que há um colorido de esperança em todos os recantos do universo.  Abraço.