Humanamente não tem como não sentir, falar ou escrever sobre a tragédia aqui no Rio Grande do Sul, na cidade de Santa Maria.
O que dizer nesse momento de dor? Será que existe alguma palavra de consolo que possa ser pronunciada? Não, não há palavras. A dor simplesmente consegue silenciar tudo. É uma dor não localizada, generalizada, tão doída que nem anestésico existe. É uma espécie de frio que invade os ossos e por aí fica torturando.
Não há palavras, não há respostas para isso e se houvessem não satisfariam. Restam os abraços que confortam, laços que se agigantam, alguém com quem chorar. Há tantas lágrimas por secarem... Mesmo que os olhos voltem-se para os céus, tudo parece tão distante e sem saída. Tudo isso vai passar? Sim! Vai passar um dia, não agora. É preciso silenciar e deixar a dor se acomodar. Mas a dor vai passar.
A nossa vida sempre será o somatório de momentos e sentimentos que se alternam. A dor é decorrência de um grande amor, e se não houvesse amor não valeria a pena viver. Mesmo sendo a dor insuportável, vale a pena continuar amando. É necessário ir adiante e, mesmo que seja difícil de aceitar, a vida tem que continuar.
Essa tragédia não foi a estreia da dor, muitas pessoas já sofreram antes e diariamente, em menor escala, corações são triturados por tanta dor. Houve Alguém que foi elevado ao alto da cruz, experimentou dor insuportável, chegou a gritar: "Pai, por que me abandonaste?" Não houve nenhuma resposta. Em seguida houve uma certeza. Há algo maior que a dor. Depois da dor, o amor; depois da cruz, a luz.
Quando a dor silencia as palavras, não se pode esquecer que a vida continua. Mesmo que pareça não mais existir direção. Novos caminhos terão que ser redescobertos. Esquecer, jamais. Continuar vivendo, sim.
É pela fé que a vida redescobre novo vigor e novos passos para continuar o seu caminhar.