Tudo ao contrário

Os tempos mudaram
No tempo de meus avós e bisavós as casas eram pequenas, de madeira, de chão batido, cobertas com capim ou com pequenas tábuas confeccionadas pela família. As famílias eram de 8, 10, 12 pessoas, (12 filhos é o caso da minha). Hoje temos casas maiores, só que famílias cada vez menores.
Naquele tempo as estradas eram trilhas, que eram percorridas a pé ou a cavalos até o vizinho mais próximo. Hoje temos auto-estradas e carros velozes, no entanto temos menos tempo e muitos nem chegam ao seu destino, são mortos pela violência do trânsito.
Meus avós e bisavós aprenderam com a vida. Hoje temos cursos superiores, mestrados, doutorados, mas menos senso comum, temos mais conhecimento e menos poder de julgamento, estudamos mais e aprendemos menos.
Já fomos à lua e temos dificuldade em atravessar a rua e conversar com nosso vizinho. Conquistamos o espaço exterior, mas o interior continua vazio. Conseguimos dividir o átomo, menos nossos preconceitos. Aprendemos a ganhar a vida e não  a desfrutamos. Conseguimos somar anos de vida a mais, mas não damos vida aos anos de nossas vidas.
Em nome do progresso construímos grandes obras, geramos muitos empregos, e destruímos a Amazônia. Precisamos de água limpa, mas poluimos os rios e nascentes. Fizemos coisas maiores, mas não coisas melhores. Planejamos mais e realizamos menos. Aprendemos a correr contra o tempo, mas não a esperar com paciência, somos rápido em tudo e nos irritamos facilmente. Temos maiores rendimentos, mas menor padrão moral. Gastamos mais e temos menos. Compramos mais e desfrutamos menos. Tivemos avanço na quantidade, mas não em qualidade. Multiplicamos nossas posses, mas reduzimos nossos valores, falamos demais, amamos raramente e odiamos com muita frequência. Ficamos acordado até tarde em frente a TV, mas não temos tempo para ler um livro e raramente rezamos. Temos mais lazer e menos diversão. 
E nossas crianças como brincam? Balanço de corda, pega-pega, esconde-esconde, pular corda, cavalinho de pau, ... definitivamente os tempos mudaram. Esses são tempos de refeições rápidas e digestão lenta, de homens altos e caráter baixo, lucros expressivos e relacionamentos rasos. Esses são tempos em que se almeja a paz mundial, mas perdura a guerra em muitos lares e países. Esse é um tempo em que há muito na vitrine e nada no estoque, um tempo em que você pode escolher entre fazer alguma diferença ou não.



Hospedaria Ilha das Flores

Hospedaria do Imigrante Ilha das Flores R.J.
Ponto de chegada dos imigrantes.
Na esperança de encontrar os dados de nossos ancestrais que, povoaram o Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, iniciei nesta semana a pesquisa de dados na Hospedaria do Imigrante Ilha das Flores, Rio de Janeiro.
Os primeiros registros de entrada de imigrantes na hospedaria, datam o ano de   1877, e a série vai até 1913. São livros grandes, logicamente escritos à mão,   com colunas para números de ordem, porto de embarque no país de origem,  nome, idade, sexo, parentesco dentro do grupo familiar, nacionalidade, profissão e destino.


Refeitório da Hospedaria Ilha das Flores
O total de registros de navios, chegados de diversas partes do mundo, até então disponíveis para consultas na Hospedaria Ilha das Flores, somam 5.107 navios. Navios a vapores que navegavam por meses e traziam, às vezes mais de mil imigrantes cada. Eram crianças, adultos e idosos que vinham em busca de uma nova vida na América. 
São esses navios que comecei a vasculhar em busca de nossos antepassados. Sei que o desafio é enorme e requer muita paciência e dedicação, pois são centenas de milhares de imigrantes que aqui passaram. Sei também que posso não encontrar nenhum dado em relação aos Alcara, pois muitos imigrantes que aqui chegaram, por motivos diversos, não se juntaram às levas da hospedaria. 
No momento em que encontrar alguns dados de nossa brava gente, compartilharei aqui com todos.